Na verdade éramos mais do que seis. Éramos oito... dez...
éramos a casa sempre cheia.
Éramos uma mesa que faltava espaço vazio.
Éramos barulhos, risadas, choro de menino, grito de pai,
reclamação de mãe.
Éramos tanto!
Éramos todo o mundo.
Éramos a dor e alegria de todos.
Éramos a preocupação da doença, de um coração partido ou o
medo de um futuro.
Éramos uma sala às 20h em frente a um programa de tevê:
assistindo e rindo.
Éramos três dividindo o mesmo quarto.
Éramos um domingo de manhã com primos e amigos, cartas,
tabuleiros e sons.
Éramos seis...
O mais novo partiu. Depois o mais velho. O do meio. Um a um
voaram. O ninho esvaziou.
Hoje são eles e eu.
Os portões fechados. Os quartos trancados. A maior parte da
casa vazia...
A conversa diminuiu o tom. Falamos baixo, rimos, ainda
dividimos um espaço na sala e nossas vidas.
Hoje somos treze, na verdade somos mais. Não ao mesmo tempo.
Não sob o mesmo teto.
Hoje existe mais espaço físico vazio mas nos corações o preenchimento.